Não me lembro mais da beleza
de tua carta de despedida,
nem muito bem dos beijos nem do sal
das tuas lágrimas ou das minhas.
Havia o salitre e a areia e a mesas de madeira,
o tomilho e a cama branca.
Havia aquela porta ao mar e as barcas.
Havia teu corpo perto e meu sorriso, sempre;
a pedra das paredes das casas de pedra
e um homem de nariz romano e um violão.
Há ainda aqueles pássaros no fio elétrico
e a amargura triste de tua música.
Mas não sei se reconheço o velho magro e áspero que canta
com a doçura velha de um amor tão velho.
Não sei se reconheço também a mulher bronzeada
e norueguesa que morava na Grécia, o meu sorriso,
a minha alegria. Nosso cheiro.
Marianne é agora uma mulher de oitenta
que andou e andou e andou até a figura dele
ficar pequena, pequena, pequena.
E um dia, só restaram os pássaros.
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